quinta-feira, 26 de março de 2009

Habeas-Corpus para ser Mulher

De Ângela Maria Freitas Fonseca,
 
Cada pessoa possui no seu íntimo o gigante do poder que se não for despertado ficará adormecido por toda a vida e incapaz de assumir o controle imediato do próprio destino.
Sou uma mulher igual as outras mulheres que elaboram o mundo que não lhe pertence; estão no mundo e no mundo quer viver. Mulher que recusa determinadas cumplicidades, renuncia às vantagens, supera às resistências diante da pretensa liberdade; torna-se senhora de si. Vista por outros, o concebe na dualidade, traduzida por conflitos e imposições absolutas. Por um lado, o caminho estranhamente passivo de transcendência ou, talvez, passível de valor. Por outro lado, é uma escolha difícil, angustiante, cheia de tensões existenciais autenticamente assumidas. Compreende-se, se um dos lados impuser na superioridade e nas verdades, estas se estabelecerão como absolutas para explicar o óbvio das coisas que se modificam. Está longe de obter respostas, contestadas ou justificadas. Evidentemente, não há interesse pelo simples fato de ser a mulher cultivando o desejo. Talvez suspeite da própria resignação ou virtude!? Mulher que sabe ser livre e não escrava de regras castradoras da vontade humana.
Raízes se apegam a velha moral mesmo na impolidez familiar ameaçada. Propriedade garantida e privada exige a presença constante da mulher no sólido pretenso encontro do nada. Mulher quando emancipada, torna-se uma ameaça e tentam frear sua libertação, reduzindo-a à condição inferior do processo étero e homólogo de alma negra, não se reconhecendo nenhum lugar tão impróprio e aniquilado em nome da ética e da moral, enquanto os homens fazem as regras do mundo, provocam desentendimentos e disputas. Não encaram a mulher com objetividade pelo desejo do ser humana, mas, como conseqüência de reivindicações fundamentadas em agressividade e adversidade.
O que é ser ou ter-se tornado, é tal qual se manifesta? Existem situações que oferecem oportunidades menores e melhores ou maiores e ruins: o problema consiste no posicionamento sobre o controle dos seus direitos; do combate à mediocridade social; das alucinações de semideuses ou heróis pré-estabelecidos; as escolhas de restos do que teve; do desempenho de seus papéis enquanto mulher. O consolo de dizer ao mundo que não a explore por hábito ou por orgulho, mas, que julguem o que se confrontam com as indiferenças. Mulher é escolhida de resto ou a dedo para ser; ter-se tornado; ter sido feita ou por temer.
Será necessário um habeas-corpus? Não há duvidas! Evidentemente, se necessário for à concorrência feminina. Esta mulher recusa as discriminações e indiferenças. Pode escrever o que muito bem seu espírito reflete, em pensamento, idéias, ações, preferências, a entreter consigo própria. O homem não deve se intimidar com esta mulher, mas, mostrar-se disposto a reconhecer um ser semelhante e diferente, sem mito por muitas razões: não valerá censuras, sacrifícios, vantagens, renúncias, por achar que sonha com o amanhã. Veja-a como um ser único e absoluto, pelos mesmos motivos, enquanto durar o significado das emoções e sentidos, o que a grande maioria não assume, pretensamente.
O privilégio notável é um equívoco de alta grandeza ou um desdém?
Que o eu mulher, goze do privilégio notável e pleno ao transformar-me na condição de subordinada para ser maravilhosamente possuída na vontade justificada do deleite e brilho que recobre o ser feminino.
Ângela Maria Freitas Fonseca,
Do Blog Tanto Mar